sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Afinal, quem é A Gorda?

Desmascarar A Gorda tem sido muito divertido. Confesso que é quase uma vingança. Por que tanta mágoa no meu coraçãozinho? Já passei cada uma por conta dela... 

Ela cresceu comigo, ali, quietinha, se manifestando aos poucos. Já nasci com sobrepeso e assim foi a vida toda, e de pouquinho em pouquinho ela foi dominando até que fiquei daquele jeito, jeito pesado. 

A Gorda representa tudo aquilo que guardei sem necessidade. Todas as vezes que fui buscar ser forte da maneira errada. Quando queria me esconder para passar despercebida. As compensações quando na verdade precisava superar algo. Enfim, muito esforço desnecessário.

Ter dado tanto espaço para A Gorda teve um preço. Deixei de praticar esportes porque me achava incapaz. Poderia estar menos cansada quando esperava meus filhos. Poderia estar menos cansada no dia a dia. Nem precisava ter tomado tanto analgésico. Meu guarda-roupa poderia ter sido mais claro, mais colorido. Eu poderia ter feito tudo isso mesmo com o sobrepeso? Claro que sim, muitas pessoas com sobrepeso não se limitam, mas EU deixei que isso acontecesse. 

A perda de peso tem sido uma jornada e tenho descoberto tudo aquilo que A Gorda encobria, afinal ela ocupava bastante espaço.

Só de curiosidade: já começou a colocar seu Gordo Interior no lugar dele? Pode ser outra criatura interior que só te atrapalha também.

Perdeu, playgirl. 


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Loira Gorda - e não é do banheiro

Receio. Medo. Estado de vigilância. E não tem sido ao entrar no banheiro.

A Gorda começou fazendo umas luzes californianas, agora está platinada. E eu estou com medo dela.

Cheguei no peso objetivo há 3 semana e aos poucos estou voltando a comer algumas coisas que não comia há tempos. Às vezes uma jacadinha. E sinto a respiração da loira atrás do meu ombro.

A balança dá aquela oscilada num dia e já vêm um monte de perguntas: dei espaço demais para A Gorda? É retenção de líquidos? Já começo a cortar de novo? Foi porque não me exercitei ontem?

Estou feliz com meu novo formato, minha disposição, e também com o meu novo cardápio. Amo minhas comidinhas e ao mesmo tempo sigo com vontade de comer o que não devo. Vício.

Tenho que confiar que A Gorda já perdeu muito da força dela porque me foi dada a força que precisava já que sou fraca e sozinha não teria de onde tirar. Mais uma vez, Graça.

Posso sim dar descarga, abrir a torneira e fechar a porta 3 vezes, falar bobo-chato-fedido. O que não posso é jacar, comer escondido e abrir a geladeira 3 vezes. Aí A Gorda platinada aparece mesmo. Bu! 
 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A Gorda fugiu!

Passei a semana passada fora de casa numa viagem a trabalho. Sabe que me comportei bem? Que não se comportou muito bem foi A Gorda.

Acordei todos os dias mais cedo para fazer exercício, e corri 4km na esteira em 4 dias e 30 minutos de bicicleta no outro.  Quando jantávamos fora, sopinha, salada, legumes, grelhados... Cada prato bonito! Ouvi um colega dizendo que meus pratos todos eram de encher os olhos. Respondi pra ele que já comi muito na vida e que de comida eu entendo.

Já A Gorda... A criatura escapou em duas ocasiões. Num dia não resisti a um muffin e comi escondido para contar aqui no blog. Mania dA Gorda de comer escondido. E outro dia comi uma pratos colombianos e venezuelanos. Não tinha como não comer. Adoro! Aí sim foi uma jacada consciente. Bom demais!

Culpa, aflição, ansiedade... Como seria quando subisse na balança na volta pra casa? (Trilha de Hitchcock ao fundo). Cheguei e subi. Segundos eternos e... Ufa! Tudo igual. Que alívio!

Volta pra casa, volta para os meus, volta à rotina. Que alívio. Tenho que me acostumar que jacar é normal dentro da normalidade, não no padrão dA Gorda. Depois de 1 ano emagrecendo, agora "só" tenho que manter. Meu suco verde já está descongelando.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Nessa odisséia tenho sido convidada a debates filosóficos com frequência, e do alto da minha experiência rasa, a conclusão a que mais tenho chegado é "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa".

Muitas pessoas que me encontram magra ou as que me conhecem agora e descobrem o que aconteceu, perguntam se minha cabeça e meus valores mudaram.

Não, não fiquei mais sábia. Não fiquei mais sublime. Não virei uma Helena do Manoel Carlos. Continuo a mesma picareta de antes porque o que sou não tem a ver com peso.

Agora me sinto mais disposta e a Érica que estava protegida pelo cobertorzinho adiposo embutido sente agora mais coragem de fazer coisas que sempre estiveram na lista de desejos. Correr é uma delas. Antes não me sentia capaz, e de fato não estava rm condições, mas construí um caminho que hoje me permite fazer isso. Também mudei meu guarda-roupa e tenho usado roupas que antes não podia usar porque simplesmente não existiam daquele tamanho, mas que na verdade sempre gostei. Mudou meu jeito de cozinhar, e ter mais disposição me ajuda a fazer algo que na verdade sempre gostei - veio no gene ;)

Algo que tenho a aprender é que nem todo mundo está no mesmo momento e às vezes tenho sido A Chata da reeducação alimentar. Quando a gente vive algo que faz bem, quer mais é que todo mundo experimente o mesmo, por isso peço desculpas a quem dei palpite sem ter me pedido. Mas se você pediu que eu ajude, agora agüenta!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Com as lentes dA Gorda

A minhA Gorda usa lentes. Ela tem "pobrema nas vista" sabe? E são verdadeiramente multifocais. Elas se tornam de aumento ou de redução dependendo da ocasião, e ela adora ficar colocando as lentes em mim. Olha só:

- Cada vez que alguém se enchia de coragem para me avisar que talvez eu tivesse engordado mais um pouquinho, A Gorda me avisava que continuava tudo igual. E para quê balança?

- Agora que estou com um peso saudável e todo mundo se surpreende, ela me avisa que nem mudou tanto assim, ainda que tenha diminuído 44kg.

Eu também me surpreendo quando vejo fotos minhas e quando vejo a clavícula aparecendo, ou sinto ossos que antes não sentia. Mas mais surpreendente ainda é olhar diretamente para o meu corpo e não ver tanta diferença. Também me vejo bem mais nova nas fotos. Segundo meu médico acupunturista do México, o Dr. Julián, na medicina chinesa a gordura é vista como envelhecimento.

A imagem que tenho é a da minha descrição quando alguém se referia a mim: a gordinha de cabelo cacheado. Ainda não achei a nova descrição, ou não me achei nela.

Eu achava que era mais alta porque as lentes distorcivas dA Gorda me aumentavam na vertical quando na verdade tinha aumentado na horizontal.

Também me sinto como a baladinha do Roxette sem meu cobertorzinho adiposo embutido. Inconscientemente ele me dava uma segurança, tipo plástico bolha, sabe? Nessa hora a lente dA Gorda me diminui mais ainda e faz com que eu me sinta vulnerável. Nessas horas lembro que só o Senhor é a minha rocha e o meu escudo, e que toda a força que pedi para passar pela odisséia veio Dele porque se dependesse de mim somente, A Gorda estaria ainda estaria reinando com o óculos de gatinha.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Pés chatos também correm.

Fim de semana com fortes emoções. Fiz minha primeira corrida de rua. Surreal. O som das passadas de milhares de pessoas concentradas, sem vozes, é impressionante.

No sábado fui retirar o kit de corrida e no caminho de volta pra casa, chorei. E não foi pouco. Foi um choro de alegria e de alívio.

Sempre tive sobrepeso, tenho o pé totalmente plano que não ajuda muito, e pra completar há até algum tempo tinha bronquite. Fui uma criança que não corria, e era porque não conseguia. Até quando fazia kung-fu a parte da corrida era limitada. Ah, e tem o joelho torto também por conta do pé chato. Aff...

A esteira para mim sempre foi algo complicado. Já não conseguia correr sozinha, imagina com uma máquina não dando opção? Era assim que eu a via, até que fui tomando coragem de acelerar e soltar as mãos das barras laterais de apoio. Não conseguia entender porque diziam que correr na esteira era uma delícia.

Fui  aumentando o tempo e tomei coragem de ir para a rua. Medaaa! Pé chato, tornozelo que vira! Mas fui. E fui me acostumando, e quando corri na esteira depois entendi o conceito de delícia. Não é que é mesmo?

Hoje vivi algo que nunca imaginei que viveria. Consegui completar a prova em 39 minutos, e caminhei uns 100 metros nos 5km.

Ao cruzar a linha de chegada eu ria como criança. Era a criança que nunca tinha conseguido correr e que era café com leite. Agora sou suco verde.