Ame.

Amar.. Ah, o amor... O sentimento dos sentimentos... A mais triste criatura é aquela que não o vivenciou. Hoje estou brega, confesso.

Há amor de todo jeito e ainda assim é algo tão complexo! A falta de amor ou a sensação de não ser amado pode gerar tanta angústia...

Não tem como exigir amor, mas dá para decidir receber de quem nos quer amar. Como dizia a minha mãe, sempre fica aquela expectativa do "venha a nós. E onde fica o vosso reino?"

Muita gente diz que ama, mas além de sentir, é importante demonstrar. Como o outro vai saber que é amado? Amar é também dedicar tempo, atenção, sem cobranças, sem mesmo que o outro mereça. Ou você quer ser amado somente quando fizer algo por merecer?

Deus nos ama mesmo sem merecermos e me mostra Seu amor todos os dias. Meu marido também me ama e sei porque ele demonstra. Meus filhos também, mas os pobres não tem outra opção. E sou grata porque a lista segue com a família e amigos. E eu? Eu me amo?

Tive que repensar minha relação comigo mesma quando coloquei A Gorda no lugar dela. Espaçosa que ela é, ocupava um lugar na minha vida que na verdade era meu. Não quero dizer que tenho que me amar em primeiro lugar porque seria egocêntrica, mas não tenho que me amar menos do que devo. Como a Palavra diz, "ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo".

E como diz Mia Couto, "Cozinhar não é um serviço. Cozinhar é uma forma de amar o outro". É uma maneira de demonstrar amor, já que se dedica tempo, é para nutrir e também agradar. E de brinde você ainda pode ouvir que ficou uma delícia! E olha só, você também pode dizer isso do que você prepara!

É um tempo dedicado que vale a pena. Faz bem para todo mundo. Faz bem para você também. É demonstrar amor. Jogue o imã do delivery fora! Ou pelo menos não o deixe tão disponível.

Então é Natal. E o que você fez?

O Natal do ano passado foi especial. Estávamos morando fora e viemos de férias para matar a saudade. Nunca vou me esquecer dos olhinhos brilhantes da minha sogra na ceia ao ver que mais uma vez a família estava toda reunida, bem diferente das lágrimas do ano anterior por imaginar que isso poderia não acontecer. E no dia seguinte no almoço na casa da minha irmã mais velha, como rimos com o amigo roubado :D Foi muito especial.

Especial também foi a comida por todos os lados... Ah, o panetone... Ai, a farofa... Ah, os assados... Ah, as sobremesas... Para não comer muito, comi de tudo isso um pouquinho. Eu disse de tudo isso? Somado deu um montão. Não sei exatamente quantos quilos a mais vieram nessa brincadeira porque subir na balança era evitado, mas sei que 20 dias depois que foi quando comecei a odisséia eu estava com 112kg.

E que ano veio em seguida. Novidade para todo lado. De consciência, de hábitos, ganhei mais amigos, voltei para casa, mudei de emprego, mudei de corpo... Ufa!

Então é Natal, e sei o que eu fiz. E sei o que devo continuar fazendo na ceia e no almoço: agradecer a Deus pela família que Ele me deu. Dar um montão de abraços, rir até doer a barriga. E jaca, só se tiver a fruta afinal A Gorda ainda está sendo disciplinada. E sigo com 70kg.

E o mais importante, celebrar a principal novidade do Natal: que Jesus, o próprio filho de Deus, decidiu vir e viveu como nós vivemos. Já imaginou que aquele que estava na criação se despiu de todo o seu poder e veio como um bebê indefeso, tudo por amor a você? Que cresceu, que deve ter passado por bullying da molecada, que deve ter cortado os dedos trabalhando? Que quando chegou a hora de pagar o preço das nossas falhas para que pudéssemos estar na presença de Deus, sentiu uma dor insuportável no nosso lugar? E que venceu a morte para que também pudéssemos ter a vida com Ele?  É para ser celebrado!

E então é Natal. E o que você vai fazer? E o que fará em 2014? Se tomar juízo agora, talvez tenha uma boa história para contar no Natal do ano que vem ;)

(Na foto, alguns momentos marcantes da odisséia, e pessoas que foram essenciais. Gracias!)

Dupla jornada

Parece que boa parte dos quilos que A Gorda me deu para carregar eram transportados nos ombros. Quanto cansaço eu sentia e que frustração dava saber que tinha muito o que fazer mas faltavam forças para dar conta. É simples, basta saber quantos quilos a mais se tem para saber que é exatamente esse o peso que se carrega a mais sem necessidade, e que tudo isso é energia que poderia ser direcionada para um monte de outras coisas bem mais interessantes.

Hoje se diz que a mulher moderna tem muito mais atribuições que a do passado. Tem que trabalhar fora e ser uma excelente profissional, dar conta da casa, dos filhos, do marido e ainda se cuidar. Será?  Dá uma olhada nesse texto:

Uma esposa exemplar; feliz quem a encontrar! É muito mais valiosa que os rubis.

Seu marido tem plena confiança nela e nunca lhe falta coisa alguma.

Ela só lhe faz o bem, e nunca o mal, todos os dias da sua vida.

Escolhe a lã e o linho e com prazer trabalha com as mãos.

Como os navios mercantes, ela traz de longe as suas provisões.

Antes de clarear o dia ela se levanta, prepara comida para todos os de casa, e dá tarefas as suas servas.

Ela avalia um campo e o compra; com o que ganha planta uma vinha.

Entrega-se com vontade ao seu trabalho; seus braços são fortes e vigorosos.

Administra bem o seu comércio lucrativo, e a sua lâmpada fica acesa durante a noite.

Nas mãos segura o fuso e com os dedos pega a roca.

Acolhe os necessitados e estende as mãos aos pobres.

Não receia a neve por seus familiares, pois todos eles vestem agasalhos.

Faz cobertas para a sua cama; veste-se de linho fino e de púrpura.

Seu marido é respeitado na porta da cidade, onde toma assento entre as autoridades da sua terra.

Ela faz vestes de linho e as vende, e fornece cintos aos comerciantes.

Reveste-se de força e dignidade; sorri diante do futuro.

Fala com sabedoria e ensina com amor.

Cuida dos negócios de sua casa e não dá lugar à preguiça.

Seus filhos se levantam e a elogiam; seu marido também a elogia, dizendo:

"Muitas mulheres são exemplares, mas você a todas supera".

A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme ao Senhor será elogiada.

Que ela receba a recompensa merecida, e as suas obras sejam elogiadas à porta da cidade.

Sabe quem escreveu isso? Salomão, filho de Davi, que foi rei de Israel por volta de 950 anos antes de Cristo. Está no livro de Provérbios, capítulo 31.

Cara, essa mulher trabalhava. E sinceramente, falta bastante para eu chegar nesse ponto. Pelo menos de uns tempos para cá já deixei de comprar comida pronta e congelada para fazer comida. E como disse minha amiga Thais, congelada só se for preparada por nós.

Digo mais, estou tão felizinha nessa vida mais Amélia! Mas a diferença entre mim e ela é que agora tenho alguma vaidade.

Estou me achando neste corpo.

Calma, calma, não é o que você está pensando! Eu posso explicar!!!

Longe de me achar a última bolacha recheada do pacote, ou aquela coca-cola gelada no calor. E nem tenho que achar bolacha e coca por aí senão elas vão se esconder na pança.

Muita coisa mudou desde 15 de janeiro deste ano, dentre elas os 42kg eliminados até agora. Meu guarda-roupa também mudou. As minhas medidas então, nem se fala. Mas tem uma coisa que ainda não mudou totalmente: a imagem que tenho de mim mesma.

Calma, calma, sem risco de anorexia ou bulimia. Troquei minha relação com a comida. Antes só comia, agora amo cozinhar e sigo amando comer, mas agora o que é saudável.

Quando me vejo no espelho, ainda não vejo a diferença que existe nos números na imagem refletida. Também quando olho diretamente para partes do meu corpo, não vejo tanta diferença. Às vezes de relance tomo um susto, do mesmo jeito que se assusta quem não me vê há um tempo, mas logo passa e volto à mesma imagem.

Minha nutricionista disse que isso se ajusta a medida que me aproxime da imagem esperada com o corpo magro. Com 3kg a menos já estarei mais que feliz, afinal já estou com o percentual de gordura saudável e estes quilos são para administrar a margem para não chegar a ter sobrepeso de novo.

Quando vejo uma foto minha recente, a impressão que tenho é que encaixaram a minha cabeça num corpo diferente. Sabe aquelas bonequinhas de papel que a gente trocava a roupa quando era criança? É bem por aí. A combinação fica legal, mas ainda não entendo muito bem.

No meio disso tudo, algo não mudou: sei quem sou, meus valores, meus amores, minha rocha e meu escudo. Sigo rindo de mim mesma, sigo andando como uma pata com meu pé chato, sigo esquecida e fazendo tudo ao mesmo tempo, sigo buscando fazer o que faz os olhos brilharem, tanto os meus como os de quem posso ajudar. E sigo com tudo o que é "oportunidade de melhoria", que não vou dizer aqui para não perder a amizade.

O que falta agora é terminar de me achar dentro desse novo corpitcho.

Festa!

Que dia feliz! Tão bom ver os nossos amigos formando famílias lindas! Crianças crescendo! Tudo tão lindo! E aquele bolo estava com uma cara boa...

Na odisséia de deixar A Gorda no cantinho da disciplina, quem tem que ter disciplina sou eu, e enquanto isso acontece, a vida segue com todos os eventos e COMEmorações.

Hoje o café da manhã foi com panqueca proteica para dar mais saciedade. E antes de sair de casa, uma sopinha saiu do congelador. E na marmita, 2 polenguinhos light e maçã desidratada. Os primeiros foram o meu salgadinho antes da salada que foi servida (boa que só!) e a maçã foi o meu pedaço de bolo.

O "só por hoje" de hoje deu certo. Agora é preparar a lancheira de amanhã.

Vou me privar de celebrar e estar com meus amados para estar numa redoma à prova de comida para não correr o risco dA Gorda COMEmorar? De jeito nenhum!

E sabe o que comi agora há pouco? Um bolinho light-fit-diet de cenoura feito por mim, afinal eu não sou de ferro ;)

Receitinha do bolo de cenoura de brinde:

2 ovos
1 cenoura ralada
Essência de laranja (20 gotas)
Bate tudo no liquidificador. Depois acrescenta:
3 colheres de sopa de farelo de aveia
1 medida de whey de baunilha
3 colheres de sopa de leite em pó desnatado
2 colheres de sopa de adoçante culinário
1 colher de fermento
20 minutos no forno a 210 graus e seja feliz - com 1 bolinho. Tem que dividir.

A Gorda abre espaço a alguém mais.

Além dA Gorda que me habita, descobri que há alguém mais que andava adormecida, e porque não dizer, hibernando. Era A Perua.

Como A Gorda ocupava bastante espaço, achava que o m3 ocupado já era o suficiente para chamar a atenção. Lembro que uma vez ouvi que eu era muito low profile. É que A Gorda era a personal stylist.

E o trabalho dA Gorda como personal stylist era bem fácil: serviu, levou! E não uma peça, mas duas pelo menos. Vai saber quando vai encontrar de novo algo que sirva? E como são duas peças, marrom e preta. Preto emagrece! Só tem estampada? Que sejam listras verticais que também emagrecem. Parece roupa de senhora? É o que tem pra hoje!

Agora que A Gorda está no cantinho da disciplina, A Perua tem dado as caras. Tá certo que ela precisou de um empurrãozinho de amigas, mas ela veio para ficar. Tenho peças nunca antes imaginadas na história desse país. E eu não sei lidar com tanta opção!

Antes procurava roupas que durassem e atemporais. E como disse a minha querida Jack, se nem a gente é atemporal, por que a roupa tem que ser?

Perua!

A Gorda tem nome composto.



Assim como eu, A Gorda tem nome composto. O dela é Gorda Interior Compulsiva, e ela faz juz ao nome.

Geralmente a compulsão vem quando tenho algo que ainda não está concluído e que não depende mim. O detalhe é que a maioria das coisas não depende exclusivamente da gente. Não somos uma ilha (que bom!) e por isso dependemos de outros. Outras coisas se resolvem somente com o tempo e o que nos resta é esperar esse tempo passar.

Estou num momento exatamente assim, de esperar o dia chegar e então ver o que devo fazer. A parte que dependia dos outros e de mim já foi. Era a oportunidade que A Gorda estava esperando.

Almocei com minha amiga-irmã Carol num restaurante fantástico! Tudo saudável. Pedi meu prato sem arroz integral e não deu para substituir por mais vegetais. Conclusão: comi menos que o normal. A Gorda já começou a me dizer "compra uma alfarrobinha, é light, diet, sem lactose e sem gluten. Você tem margem!". E eu fui na dela. Separei meia porção assim que cheguei no trabalho o que daria umas 50 calorias. Comi. Completei a porção. Mais 50. Li o rótulo, fiz a conta e aceitei a proposta de comer a caixa toda, o que dá umas 250 calorias. No meio do caminho fui percebendo que não estava caindo bem, mas A Gorda já tinha dominado. Comi tudo. E não demorou para sentir que além de ossos, também tenho fígado. Alfarroba tem uma quantidade razoável de gordura e meu fígado não está acostumado. Solução: dois copos de chá de boldo. O legal foi ver que já não é tão ruim assim porque meu paladar também mudou.

Vou engordar por conta destes 80 gramas de alfarroba? Provavelmente não. Mas precisava ter comido tudo, e mesmo com o corpo dando sinais para parar? Definitivamente não. Que raiva, e não é dA Gorda. Como eu sou fraca. 

Para este vício, também vale a máxima "um dia de cada vez". Não existe guerra definitivamente vencida quando o inimigo está dentro de nós mesmos, a tal da cruz que temos que carregar diariamente. Ser a gente mesma não é fácil. Vem outro querer ser eu pra ver. O que depende de mim eu faço - isso quando não vem a bendita da procrastinação...

Além das outras pessoas e do tempo, tenho que lembrar que preciso descansar e não levar uma cruz que não me pertence. Como o Senhor cuida de tudo, é soberano,a mim cabe agradecer, agradecer, agradecer. E há mãos melhores para entregar a minha ansiedade? Garanto que as minhas não são.

“Por isso vos digo: nao andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu; não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros, e contudo, o vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais do que elas? Qual de vós poderá, com as suas preocupações, acrescentar uma única hora ao curso da sua vida? Quanto ao vestuário, por que andais ansiosos? Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, vos digo que nem mesmo Salomão, em toda sua glória, se vestiu como qualquer deles. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé? Portanto, não andeis ansiosos, dizendo: que comeremos? Que beberemos? Ou: com que nos vestiremos? Pois os gentios procuram todas estas coisas. De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas elas. Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal.”

Vou fazer como a minha mãe fazia quando  eu fazia algo errado. Vou chamá-la pelo nome completo e fazê-la pensar. Gorda Interior Compulsiva, junto!

Um minhocão faz ginasticão.

Preguiça e falta de tempo: combinaçãozinha complicada. E quando vem junto uma auto-piedade, vixe!

Todo mundo sabe da importancia do exercício físico para a manutenção da saúde, e que é fundamental para quem precisa se curar da obesidade. Sim, é um tratamento para essa doença.

Quando era adolescente treinei kung-fu. Desajeitada até, mas treinei por 3 anos. Foi a época em que estive menos gorda e meu ombro parecia o do Bruce Lee. Parei quando comecei a virar gente grande, e A Gorda me dizia que não tinha mais tempo para isso.

Depois fazia o percurso casa/estágio/faculdade andando muito e lesionei meu joelho. A Gorda dizia que andar muito era o problema (não a falta de exercício), e com o tempo estava com um Uno de um lado para o outro. E com a falta de tempo, o Uno descobriu o drive-thru do McDonald's - o que vale outro post.

Depois vieram os filhos e tirar tempo deles depois que volto do trabalho para ir para a academia seria demais.

O corpo foi feito para se movimentar e se não fazemos isso, ele um depósito de calorias em forma de gordura armazenada. E carregar tanta gordura dentro de mim foi muita sobrecarga para o meu coraçãozinho. Imagina o tamanho que o coração é tendo que bombear sangue para cada parte de um corpo gigante. Que dó. O desenho Wall-e que tem os gordinhos do futuro nas cadeirinhas faz todo sentido. Quanto mais comodidade, mais gordura. Basta ver as fotos antigas de família para ver que não havia tanta gente com sobrepeso.

O primeiro passo que dei na Odisséia foi me matricular na academia. Dava para ir a pé de onde morava e funcionava até às 23h, ou seja, podia ir depois dos meninos irem dormir. Nos primeiros dias deixava os monitores assustados com meu batimento cardíaco de tão alto que era. Além de ter o condicionamento físico negativo, a altitude da Cidade do México influenciava. Realmente não é frescura dos jogadores de futebol.

Com 1 mês e meio vi que estava disciplinada e me arrisquei a fazer na academia do prédio que era super equipada, e com o suporte da super Valeria, que me incentivou e ensinou muito. Muito, mas muito obrigada mesmo!

Confesso que ainda não estou disciplinada com os exercícios desde que voltamos para casa, e a academia do prédio que promove defesas anti-tetânicas não ajuda muito, mas é o que tem pra hoje. Existe e não preciso sair com o carro depois dos meninos dormirem. Tenho que me ajustar para ontem, afinal deixei de ser molusco (sem ossos) e estou virando o Geléia dos Caça Fantasmas. E sem a endorfina que o exercício produz, A Gorda não tem estado tão calma e a vontade de comer mais está mais frequente.

Tenho que deixar de procrastinar essa parte - e como disse no primeiro post, procrastinar é o nome bonito da preguiça. E continuar com a ginastiquinha antes que vire um minhocão.